segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Anime e Crítica - QUANDO SANGUE E DESTRUIÇÃO REFLETEM ALGO A MAIS

Mais um artigo aqui no blog, agora escrito pelo Rhuan, que para quem não conhece e pra quem conhece também xP, tem um vídeo de apresentação!! o/ 


Bom, agora vamos ao artigo xD Boa leitura!


É de conhecimento global que hoje os animes possuem diversos cortes ao se apresentarem na televisão, ou que são colocados em horarios distintos para evitar que crianças abaixo da idade indicativa estejam acordadas para assistir, contudo, todos sabemos que no fundo isso não funciona, que uma criança, por menos arteira que seja, dará um jeito de assistir, ainda mais com o advento da internet, mas à quinze, vinte anos atrás, como isso ocorria, não só aqui no Brasil mas em todo o mundo, será que a televisão colocava tantos empencilhos como hoje, ou tudo era mais liberal, será que a violencia era visto como hoje, ou estamos fadados a ignorancia perante os reais objetivos que os autores colocam em suas obras?
Sou fã de Seinen e Shounen (como alguns vão notar no decorrer das postagens) mas acabei assistindo diversos Shoujos ao que iniciei minha trajetoria como fã de anime (não costumo usar o termo pejorativo Otaku) mas o que gosto mesmo é luta, sangue e crítica, isso mesmo, crítica social, é engraçado mas todos esses animes que são colocados pela mídia como “violencia gratuita” não são nada menos do que um reflexo do que o autor vê de mundo, peguemos alguns exemplos.
Hokuto no Ken: Kenshiro, o protagonista do manga/anime, é um artista marcial detentor da mais destrutiva forma de luta, ele percorre um mundo pós apocaliptico com poucos objetivos e muito suplício, seu proprio irmão sequestrou sua esposa e a mantem prisioneira. Esse é um plot interessante, clichê, mas interessante, alie isso a corpos sendo destruidos com simples toques, cabeças sendo decaptadas, e sangue, muito sangue, e você verá, numa primeira instancia, apenas um mar de violência sem objetivo algum, apenas querendo atrair um público sedento por esse tipo material, porém, esse não é o foco de HNK.
Buronson (roteirista) e Tetsuo Hara (ilustrador) demonstram que HNK é um classico não apenas pelo numero gigantesco de fãs ao redor do globo, e sim pelo que ele retém em suas entrelinhas. O retrato do mundo em que a historia é narrada demonstra isso.
Reflexo de atitudes humanas o mundo entra em caos, uma guerra nuclear explode e tudo se torna um amontoado de destruição e retenção de recursos naturais como arma e moeda de troca, reflexo de um sociedade em crise e com medo, considerando a data do manga, produzido em  1983, o japão ainda guardava resquícios pós guerra, e por mais apocaliptica que possa ter parecida a visão que os autores colocaram na obra, tudo era uma metáfora para o que ele parecia sentir, e sua forma de demonstrar isso foi atraves da arte.
Sangue e destruição eram necessarios, reconhecer o instinto mais primitivo do homem/telespectador também, por isso tal obra é tantas vezes vista como referencia ao que concede a crítica a atitude moderna do homem em construir e permanecer mentalizando que a guerra é a solução para obtenção de resultados, que a destruição é fonte inesgotável de poder refenrecial e que tudo parece ficar em torno daquele que possui mais poderio militar, o reflexo que HNK proporciona é tão imortal, que até mesmo hoje, quase trinta anos após seu lançamento, sua premissa ainda é muito bem colocada.
Poderia escrever por mais de vinte páginas sobre HNK, mas praticamente ninguém leria, e não quero que fiquem entediados com esse micro artigo, mas deixe-me apenas dizer uma ultima dica: HNK é um clássico, então, por mais que eu o recomende como fonte exemplar do que um seinen/shounem pode ser, não o assista se pensa que verá gráficos exuberantes e lutas fantasticas, assista-o se colocando com um telespectador de 25 anos atrás, sem todas as ferramente de hoje em dia, mas com criatividade de sobra para mostrar o que é um clássico.
Gantz: Kei Kurono é um adolescente japonês pervertido que se vê num impasse ao olhar para um mendigo que acabara de cair na linha do metro e não conseguia se salvar, num impulso imediato, Kurono e outro jovem, Katou, saltam e tentar salvar o homem mas acabam sendo atropelados e “mortos”, contudo, não é isso que acontece, os dois jovens e outros “escolhidos” são levados para uma sala com uma grande bola negra no centro da mesma. A premissa da obra é levar tais pessoas que acabaram de morrer a ter outra chance, mas essa chance requer uma única tarefa, serem convocados, sem aviso prévio, a matarem aliens que aparecem num japão (inicialmente) invisível para quase todos.
Toda a obra gira em torno dessa premissa, os escolhidos recebem armas da grande bola negra e são teleportados para lugares aleatorios sendo necessario aniquilar os aliens que ali aparecem, caso sobrevivam ganham um determinado numero de pontos de acordo com as ações, se morrerem é o fim.
Ao alcançarem 100 pontos os personagens tem o direito de um pedido entre três escolhas (as quais não direi aqui por ser spoiler) e depois voltam a sua vida normal como se nada tivesse acontecido.
É engraçado, o enredo da obra parece bem simples, destruição, muito sangue mais uma vez, e uma visão extremamente intrigante de que somos apenas uma raça inferior sem conhecimento algum de outros planos, sem conhecimento algum que estamos sendo invadidos diariamente por seres de outros planetas e permanecemos na ignorancia imposta pelas grande corporações que nos “protejem” desse perigo eminente.
Concordo que certas noticias não devam ser mostradas ao publico, que o dominio governamental deve fazer prevalecer o bem estar do povo, por mais que isso parece apenas uma maneira de se permanecer bem perante a falsidade, esse mecanismo funciona extremamente bem, principalmente pois, como sabemos, uma informação de catastrofe só causa mais catastrofe por aqueles de mente mais facilmente manipulavel, ou seria melhor dizer influenciavel? Vide a chegada do ano 2000 e todos os suicídios perante o medo do novo.
O reflexo que Hiroya Oku, escritor do manga de Gantz, tenta demonstra com essa obra é, no mínimo, intrigante, com o passar dos capitulos, o que vemos é um emaranhado de conspirações que acabam culminando numa grande guerra onde parecem protagonizar uma grande corporação que proteje a terra, e uma invasão eminente de aliens gigantescos que tentam dominar o mundo atual, o que no começo da serie parece ser um sistema defensivo da terra, se torna uma ação covarde com o que o autor vai mostrando no decorrer da historia. De herois, os humanos começam a se mostrarem os carrascos, matando sem motivos aqueles que pareciam apenas querer viver em paz, mas ao mesmo tempo protegendo daqueles que tentam destruir, a historia se torna tão confusa a certo ponto, que o leitor sem um alto grau de percepção, não conseguirá entender qual lado está certo, se é que há um lado certo.
Mas, apesar de todos os desmembramentos, ossos voando, sexo explicito, sangue jorrando como aguá e toda uma violência constante, Gantz é um verdadeiro chute a mente egoista da humanidade, ele irá mostrar que as diferenças são um tabu mesmo no mundo “moderno” e “sem preconceitos” que tanto os puristas parecem se orgulhar hoje em dia, retrata uma sociedade em conflito constante com os iguais, e principalmente com os que rotulamos como “diferentes” um verdadeiro mar de preconceitos que colocamos como empencilho ao vermos algo fora de nosso pequeno e insignificante mundo, Gantz demonstra que atitudes egoista são os mecanismos que tanto usamos para demonstrar que tentamos ser superiores aos outros, mas na verdade não há nada de superior, há apenas um alto grau de ignorancia.
Ambas as obras retratam de maneira genial o que pretendi mostrar, se não fui consiso o sucifiente peço perdão, acabei me empolgando demais e posso ter escrito abobrinha em certos momentos, mas o que disse foi o que mais me orgulho de ter adquirido após ter começado a assistir anime e ver que ele é algo mais, é algo muito mais profundo, muito mais reflexivo e filosofico, é algo que me orgulho em ler/assistir, e depois discutir com meus amigos o que aquilo acrescentou para minha formação como humano.
Fui longo demais para um breve artigo, sei disso, mas tambem sei que tal tema daria facilmente uma dissertação de mestrado, quem sabe até uma tese de doutorado, sei também que os poucos que terminarem de ler esse breve pensamento podem estar formalizando uma ideia do que tentei escrever aqui, e peço perdão por ter sido longo demais, acho que a faculdade me fez ser assim, contudo, isso é uma qualidade certo, espero que tenham gostado, e que permaneçam conosco, que a comunidade Parnanguara fã de animes seja gigantesca e cada vez mais consciente de que não se trata apenas de entretenimento o anime/manga, e sim uma fonte poderosissima de cultura.